segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Hilda Hilst


Enquanto faço o verso, tu decerto vives.

Trabalhas tua riqueza, e eu trabalho o sangue.

Dirás que sangue é o não teres teu ouro

E o poeta te diz: compra o teu tempo.

Contempla o teu viver que corre, escuta

O teu ouro de dentro. É outro o amarelo que te falo.

Enquanto faço o verso, tu que não me lês

Sorris, se do meu verso ardente alguém te fala.

O ser poeta te sabe a ornamento, desconversas:

"Meu precioso tempo não pode ser perdido com os poetas".

Irmão do meu momento: quando eu morrer

Uma coisa infinita também morre. É difícil dizê-lo:

MORRE O AMOR DE UM POETA.

E isso é tanto, que o teu ouro não compra,

E tão raro, que o mínimo pedaço, de tão vasto

Não cabe no meu canto.

Hilda Hilst


sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

A Rede Social







Assisti A Rede Social. David Fincher mostrou-se muito habilidoso para deixar o filme o tempo todo interessante. Jesse Eisenberg como Mark e Justin Timberlake como Sean Parker mandaram muito bem.

Me irrita um pouco o tipo de comportamento do público desta grande Rede. Embora ache o Face legal para compartilhar cultura, rever amigos e divulgar nossos valores pessoais e profissionais, arrisco que a popularidade do site não provém deste tipo de conteúdo, mas sim de algo mais superficial: vasculhar a vida alheia. Guardadas as devidas proporções, uma forma de big brother. Fico atenta para adentrar essa egrégora sem ser sorvida por ela.
De Fincher, ainda prefiro a complexidade e a insatisfação agressiva do Clube da Luta.